sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Homem corre uma maratona aos 102 anos!


O que você faria se, aos quase 90 anos, perdesse sua esposa e um filho? Enquanto que a maioria de nós iria sucumbir à depressão e às dificuldades da idade, o indiano Fauja Singh decidiu ir para a Inglaterra e lá encontrou na corrida uma forma de aliviar seus traumas e tristezas. Dos 89 anos aos 102, ele venceu provas de 10 km, 20 km e finalizou maratonas em diversos lugares do mundo, provando que a idade é mais do que relativa.


Fauja Singh nasceu com uma deficiência que o impediu de andar até os cinco anos de idade e, apesar de ser vegetariano e cuidar de seu corpo, nunca havia praticado esportes com afinco. Foi ao encontrar Harmander Singh, seu técnico e mentor, já na Inglaterra, que começou a correr e a levar as provas a sério. Em 2003, aos 92 anos, ele completou a Maratona de Toronto, no Canadá, em apenas 5 horas e 40 minutos. Oito anos depois, ele cruzou a mesma linha de chegada para ser o primeiro maratonista centenário do mundo – ele só não foi reconhecido pelo Guiness World Records pois não possui uma certidão de nascimento, embora em seu passaporte conste a idade.


O indiano, que ficou conhecido nas provas como “O tornado de turbante”, devido ao turbante Sikh que utiliza, decidiu se aposentar aos 102 anos, após correr uma prova de 10 km em Hong Kong, na China. Todas as provas em que ele participou em sua curta, porém intensa, carreira como maratonista eram voltadas para organizações de caridade. “Há duas coisas nobres a se fazer na vida: uma é fazer caridade e a outra é cuidar de seu corpo“, afirma Fauja, que hoje, aos 103 anos, limita-se a caminhar de 3 a 4 horas por dia.




*Retirado do Hypeness
** Fonte da imagem de capa: http://a.espncdn.com/photo/2013/0221/otl_fsingh03.jpg

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Inspire-se! De 0 a 42km em 8 meses!


Dezembro e Janeiro de 2014, férias, praia e eu acima do peso ideal - não muito além, mas o suficiente para que as calças já não entrassem com facilidade e algumas outras peças do vestuário ficassem apertadas. A situação não me agradava, pois o pequeno sobrepeso e "barriga" não eram coisas que eu gostaria de ter comigo. Resolvi, então, voltar a correr (aos 17 anos comecei pelo mesmo motivo, mas não dei sequência).

Uma semana de cada vez - primeiro alguns trotes intercalados com caminhada; depois, adquirindo confiança, algum esforço além do normal; após algumas semanas, o que anteriormente era um sacrifício, se tornou um meio para o fim: mais saúde e melhor condicionamento físico.

Em meados de março, creio, fiquei sabendo de uma corrida que aconteceria em Urubuci/SC, na data de 14 de junho deste ano. O problema é que tal corrida teria a distância de 52km, sendo metade deles, literalmente, subindo morros. Refleti, analisei, e resolvi treinar forte para isso. Resumindo a história, me lesionei devido a tanto esforço, uma vez que meu corpo não estava acostumado a isso. 

"Sonho" frustado, quase 1 mês parado, era tempo de recomeçar; se já estava correndo quase 30km (nos treinos longos), agora era tempo de retornar ao primeiro quilômetro e entender o porquê me lesionei. Lendo, conversando e buscando informações, consegui entender: má postura, má pisada, péssima dinâmica durante a corrida... E lá comecei a "aprender a aprender". Tirei os tênis e corri algumas vezes descalço, a fim de aplicar a forma correta de pisada; passei a treinar o descer de morros numa cadência não tão brusca e usando as pernas da maneira como se deveria fazer.

Corridas aqui e acolá, sem nenhum objetivo em mente (o que me prejudicava nos treinamentos), pois havia desistido dos 52km anteriores, de repente ouço falar no Soloman Bombinhas 2014, uma maratona entre trilhas e praias com paisagens alucinantes (clique no link anterior), as quais muito me apeteceram. Todavia, um problema surgiu: eu não era páreo para correr 42km, ainda mais em trilhas íngremes! "Não importa", pensei, "o importante é estar lá e ver o que acontece".

Chega, finalmente, o grande dia. Eu e minha esposa acordamos às 04:30 e saímos às 05:20 rumo à cidade onde seria a largada. Presenciamos um nascer do sol belíssimo e que muito nos encantou.



Faltando alguns minutos para a largada, me ponho a pensar: "eu deveria estar aqui, tentando correr esta distância toda, sem mesmo ter me preparado adequadamente para ela?" Pouco importou o pensamento, tendo em vista que lá já estava e não era hora de desistir! Minha esposa me beija e que comece a corrida!



Nos primeiros quilômetros a alegria saía pela pele - tudo era novidade. A paisagem belíssima fazia com que qualquer pequeno esforço fosse subjugado a nada e o júbilo era constante. Trilha, costão, praia... tudo era magnífico.

Pouco a pouco chegou o primeiro desafio genuíno: um enorme morro (para mim, ao menos) com subida constante durante 1km - não teve jeito, tive que caminhar com outros corredores; um bom momento para conversas. Finalizado o morro, entramos na maior trilha da corrida - creio que algo em torno 7km de muita lama e terreno completamente irregular. Durante o trajeto, alternando entre corridas leves e caminhadas, minha coxa começou a dar fortes sinais de que eu estava no local errado, sem a preparação devida e isso que ainda tinham mais quilômetro pela frente! Mas, não havia o que fazer - precisava continuar, pois retroceder não era uma opção e mesmo que fosse, eram vários quilômetros para voltar!

Finalizo a trilha bendita (magnífica, agora em minha memória - enquanto corria, uma angústia que não acabava mais) e chego à estupenda praia de Zimbros. Pergunto à moça que estava indicando o caminho sobre quantos quilômetros era essa posição; obtive a resposta: estava no quilômetro 21 e ainda faltavam outros 21km! 

Sigo em frente, desta vez por um pequeno trecho de praia e novamente uma trilha, desta vez menor. Ali, água direto da fonte natural - sem palavras para o frescor! Porém, a coxa já clamava por sossego e me dizia para parar constantemente; o mental afirmava que deveria seguir adiante, afinal, minha esposa estava na linha de chegada me esperando e eu precisava ir ao encontro dela! As pedras pequenas se tornavam gigantes e cada valo na trilha era um sacrifício a ser vencido.

Volto à praia e me deparo com uma orla "infinita", parecendo não ter fim - e eu precisava ir, no mínimo, até o fim dela. A dor não me permitiria, porém, novamente, desistir, porque minha esposa estava na linha de chegada me esperando! Prossigo, rumo ao proposto.


Andando por toda a orla, com ínfimas corridas, chego ao seu fim e encontro outra pessoa que indicava o caminho seguinte (muitas pessoas ajudaram durante toda a prova - meu muito obrigado a todos!). Pergunto em quanto quilômetros já estava, pois, realmente, cria que não aguentava mais. O rapaz me diz que, possivelmente, estávamos no quilômetro 24. "COMO ASSIM?!" foi o que pensei! Eu andei por toda essa praia e só foram míseros 3km? Não pode ser! Tem que ser mentira! Mas era verdade.

Mais cansado e agora desanimado, com a coxa muito fadigada, sento num banco e fico esperando seja lá o que vier. Se eu tivesse avistado um moto táxi, certamente eu teria solicitado seus serviços. Aguardo sentado, sabendo que alguns corredores vinham atrás de mim - para a grata surpresa, vejo o grande colega (o conheci, primeiramente, pela internet) Rodrigo Ribeiro Rodrigues e sua esposa Bianca, os quais com muita receptividade vieram ter comigo e perguntaram se eu precisava de algo, ao que respondi: companhia para seguir adiante. E assim fizemos - e era hora de encarar outro morro.

Seguimos, eles um pouco à frente, algumas vezes me esperando e eu com a responsabilidade de aproveitar bem a companhia, pois se fosse deixado sozinho, deitaria e esperaria o sono me dominar, a fim de descansar. Do alto do morro, a paisagem era belíssima e tiramos algumas foto.


Trilha abaixo, finalmente! Chega de subir! É hora de descer! Mas, como? Ela, a indomável coxa, não me obedecia. Dizia, gritava, exclamava e quase me obrigava a parar - mas, quem manda sou eu, não ela, dizia minha mente. 

Final da trilha e ledo engano achando que as coisas melhorariam. Agora era tempo de continuar pelo mesmo morro, mas em direção a outro lugar. Recebo um pão de um corredor amigo (obrigado!) e prossigo. Quebro um pedaço de galho e faço um bastão, na esperança de que me ajude na subida. Frise-se: outro morro "infinito", no qual não consegui acompanhar o nobre casal. Segui, então, nada mais a fazer, sozinho, sol na cabeça, mochila que parecia pesar 10kg nas costas e um passo após o outro, pois minha esposa me esperava!

Chego ao fim do morro, após várias horas de exaustão e encontro outra moça gentil que indicava o caminho. Crendo, piedosamente que estava "quase lá", ouço a notícia bombástica: ainda faltavam 10km. NÃO! NÃO! E NÃO! Não podia ser possível! Eu já estava correndo/caminhando há quase 5:30 horas e ainda faltavam 10km? Algo estava errado! Sentei-me sem saber o que fazer.

Para minha esperança, eis que desce do morro um casal de corredores (Cesar e Priscila Carignano), também fazendo a prova e novamente são solícitos para comigo, perguntando se precisava de algo (infelizmente não tenho foto com vocês!) e me animando para continuar a caminhada.

Era o momento de correr pela praia de Mariscal, outra orla "mais que infinita". Seguimos trotando e a coxa já não existia - era tudo mental (o restante do corpo estava bem - graças!). A perna obedecia os comandos do cérebro, embora eu não saiba como ela se movesse. Trotamos, andamos, apreciamos a paisagem e seguimos caminhando. O casal foi bondoso para comigo e repartiu algumas guloseimas que tinham trazido, a fim de conceder um "novo gás" (qual, ó céus? tudo já se tinha ido!).

Chegamos ao final da praia e adivinhem? Mais morro! Sim! Era tudo o que eu desejava! Mas antes de o subirmos, novas pessoas indicando o caminhando e fornecendo água - tomei um copo, joguei outro sobre mim e levei um terceiro na mão, talvez como uma espécie de esperança. Subimos, subimos e descemos, até finalmente, sim! era o momento, chegamos na última praia (a mesma em que largamos). Algo de estranho, entretanto, acontece: a chegada ficava para a esquerda e nos orientaram a ir para a direita. Não, não era estranho, é que realmente tínhamos que passar por mais uma trilha! Sim! Outra! Mais subida!

Corremos, então, até o final da praia e outra pessoa gentil nos indicou o caminho - ao menos era a última trilha!


Acabamos de a percorrer, eu com a minha coxa invisível, pois não sabia como me movia, e precisávamos percorrer mais alguns minutos até a linha de chegada. Não podia acreditar no que estava acontecendo - estava chegando ao fim! Após todas as incontáveis lutas mentais para não desistir, eis que o caminho finalmente acabava! Tamanha foi a comemoração que sugeri ao casal que chegássemos, evidente, correndo na linha de chegada! Nada de caminhar!


E assim, após 7:19 horas de muita alegria, esforço, vontade de desistir, companheirismo e disposição, finalizei minha primeira maratona em trilhas.


Era hora de voltar pra casa!


Que venha a próxima corrida!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Rocky Man 2014! - Relato do corredor Ernani Souza!



Para quem não conhece, o evento Rocky Man é um conjunto multiesportivo, envolvendo diversos desafios e unindo em equipes, os melhor atletas do mundo. O objetivo é que cada atleta vença em sua categoria (surfe, corrida, skate...) e ao fim a equipe se consagre campeã na classificação geral.

Abaixo, o relato do nobre corredor Ernani Souza, sobre o Rocky Man 2014!

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Rockyman 2014

Em 2013 participei do Rocky Man pela primeira vez. Fui convidado para me juntar a outros amigos e defender a equipe carioca "Pro Ribeiro". Fiz a modalidade individual mountain bike e junto de todos os integrantes da equipe fizemos a canoa polinésia; também fizemos juntos a corrida em equipe. E para finalizar a prova, me amarrei no evento e queria muito participar novamente, mas sabia das dificuldades de conseguir repetir a dose, pois se trata de um evento exclusivo só para equipes convidadas, sendo que cada capitão das equipes escala seus atletas da forma que achar melhor.

Logo no íncio do ano de 2014 vi que o Rocky Man estava agendado para os dias 7 e 8 de novembro. Os meses foram passando e não recebi nenhum convite. A equipe que representei em 2013 também não iria participar. Assim, quando chegamos em outubro, programei uma maratona no exterior e definitivamente não tinha mais esperanças de fazer a prova no Rio de Janeiro.  Pós maratona, tirei uns dias de férias e logo que retornei fiz outra prova longa. No dia 01 de novembro disputei a etapa mineira do Circuito APTR de corridas de montanha e fiz a distância de 25km, vencendo a prova onde terminei o dia bem cansado.

Entramos na semana do Rocky Man e na terça-feira recebi um convite: era a capitã de um dos times brasileiros mais fortes, afinal, a equipe Núcleo Aventura da super atleta Cristina Carvalho foi simplesmente a primeira equipe brasileira a completar o Rocky Man. O atleta que iria fazer a corrida de montanha teve uma lesão e eles estavam precisando de alguém. Não pensei duas vezes e respondi que eu estava disponível, mas coloquei também minha atual condição física - estava vindo de uma maratona, alguns dias de repouso e também de uma recente prova de montanha de 25km, mas ainda assim recebi um crédito positivo e logo fui integrado à equipe que contava ainda com nomes fortes do esporte mundial como o skatista brasileiro, Sandro Dias, o "mineirinho".

Fui para o Rio de Janeiro sabendo da pedreira que iria enfrentar, um start list de respeito com quase todos os melhores corredores de montanha do Brasil e também 5 do exterior. Nossa prova individual teria 32km dentro do Parque Nacional da Tijuca, sendo o ponto máximo da prova a passagem pelo Cristo Redentor em meios aos turistas.

Largamos às 10 horas da manhã. O circuito foi fantástico: 95% trilha, muito calor e umidade. Durante toda a prova me mantive entre os top 5 e seguia brigando pelas primeiras posições. Na metade do percurso, na altura da vista chinesa, devido a uma grande falta de educação de algumas pessoas que retiraram as marcações do percurso, muitos atletas se perderam e tivemos que nos reunir para uma relargada. Feito isso, fomos de novo trilha a dentro, com subidas intermináveis e descidas extremamente técnicas; passou pela minha cabeça um flashback da Kailash Trail Run que aconteceu em Passa Quatro, no mês de abril - os dois eventos tinham na parte técnica pontos bem parecidos.


Completei a prova em 4º lugar geral. Fui o segundo brasileiro a terminar esta modalidade. Nova Zelândia e Estados Unidos ditaram o ritmo e conquistaram as duas primeiras posições. Chico Santos simplesmente sumiu na última descida técnica e no final fiquei satisfeito com minha participação.

Após alguns minutos para recarregar as baterias, juntei-me à equipe, fizemos a canoa polinésia, a corrida em equipe e terminamos a prova em 3º lugar no geral. E novamente a equipe Núcleo Aventura foi a primeira equipe brasileira a cruzar a linha de chegada.


Fiquei feliz por fazer parte do grupo, por contribuir com a equipe e também por conhecer pessoas e lugares lindos!

Fico na expectativa para 2015! Será que receberei outro convite?

* Escrito por Ernani Souza (com exclusividade ao blog Atleta Econômico)
** Fotos fornecidas pelo autor
*** Fonte da do logo na imagem: http://www.adventuremag.com.br/calendario/upload/images/rockyman(1).jpg  

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Existe diferença entre superar e extrapolar limites!


Estamos vivendo em tempos de muita influência da mídia sobre os esportes, isto é, muitas pessoas tem começado a praticar esportes pela quantidade de corridas, por exemplo, que tem sido divulgada. E isso é excelente! É realmente muito prazeroso encontrar inúmeros corredores, ciclistas e outros indivíduos praticando os mais variados esportes! O problema com tudo isso é que inúmeras pessoas acabam achando que superar limites é o mesmo que os extrapolar. 

Veja, por exemplo, as tristes cenas do vídeo abaixo:


Este vídeo é antigo e já foi postado uma centena de vezes nas redes sociais, mas me chamou a atenção quando determinada página no Facebook o divulgou e alguns comentários foram: "Wow! Isso que eu chamo determinação e motivação!" e "Eu admirei sua coragem e determinação". Pois digo totalmente o contrário: não admirei coisa alguma!

Ora, querido leitor, certamente as duas tri-atletas do vídeo (Welch e Ingraham) treinaram muito para chegarem àquela prova que tanto exige dos participantes, todavia, não é possível olhar as imagens e se sentir "motivado", pois que motivação há em tamanho sofrimento? Sim, eu sei que existe sofrimento em todos os esportes e ele faz parte do "jogo", mas creio, sinceramente, que as duas atletas, em vez de superarem seus limites, acabaram o extrapolando.

Por superar limites, entendo aquilo que é feito com cautela, buscando saber que os limites são estabelecidos paraprecaução, nos levando a não ir além, salvo se estivermos muito preparados. Já o extrapolar limites, entendo se tratar de pontos que cada um possui e não se deve ir além deles - por exemplo, seria extrapolar no caso de um iniciante na corrida, mesmo nunca tendo treinado decentemente, resolver participar de uma ultramaratona de 200km. 

E por que isso? Estaria eu dizendo que tal pessoa não tem "determinação"? Evidente que não, apenas que é insensato fazer determinadas coisas em certas ocasiões. É claro que muitas coisas fogem ao nosso controle e, raras vezes, só temos uma opção: ir com dor mesmo! Mas isso é bem diferente do que muitos tem feito, infelizmente.

Desta forma, trace seus limites e a medida que estiver preparando, os supere e lance outros! Entretanto, acautele-se quanto ao extrapolar aqueles que você sabe que não está nem um pouco preparado. Agindo assim, certamente sua atividade será muito mais prazerosa, lhe renderá longos anos de diversão e evitará grandes e perigosas lesões!

Bons treinos!

*Fonte da imagem: http://www.adrianjwalker.com/wp-content/uploads/2014/01/bigstock-Silhouette-Of-An-Exhausted-Spo-56076581.jpg

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Dicas - Pedalar pode ajudar quem corre!


Quando se planeja ou se periodiza o treinamento físico de uma atleta, profissional ou amador, o preparador físico utiliza vários métodos e técnicas aplicadas às capacidades físicas solicitadas em determinado esporte, buscando otimizar a performance. Há muitos que aproveitam outros esportes com o intuito de poupar o atleta do esforço repetitivo da modalidade em que é especialista, prevenindo lesões, ou de complementar o treinamento.

Há um princípio do treinamento desportivo conhecido por especificidade, que considera importante, se não fundamental, a prática do esporte em questão no treino, o que garante resultado em performance. O mesmo deve ser seguido com foco em quase sua totalidade, ou na maior parte do planejamento. Isso é uma constatação.

A corrida de rua, de caráter cíclico e dependente dos membros inferiores, exige que o seu volume (quilometragem percorrida semanalmente) e intensidade (velocidade, altimetria e tipo de terreno) sejam específicos no treinamento, isto é, correr para correr.

No entanto, pedalar tem se mostrado um esporte complementar, de grande valia, sendo a recíproca verdadeira, na preparação física geral e específica do corredor, devido ao seu caráter cíclico, ao condicionamento cardiorrespiratório, ao fortalecimento dos grupos musculares inferiores e superiores e à prevenção de lesões musculares e articulares.

O ciclismo pode ser praticado de forma indoor, através de cicloergômetro estacionário ou outdoor, por meio de bicicleta, em parques, pistas ou estradas. Há sempre a ressalva do mesmo não ser realizado em número maior de vezes na frequência semanal, se a corrida for o seu esporte principal. Duas sessões semanais, alternando com os dias de corrida, com intensidade baixa a moderada, são bem-vindas.

O ato de pedalar complementa o condicionamento cardiorrespiratório, pois pode servir de sessão de recuperação ativa entre os dias de treino de corrida. Na reabilitação e manutenção do condicionamento aeróbico de corredores lesionados o ciclismo não possui contra-indicações. O fato do peso corporal permanecer apoiado num banco (selim) reduz, significativamente, a sobrecarga sobre os tornozelos, joelhos, quadril e coluna vertebral, preservando essas articulações do esforço repetitivo e do impacto com o piso. No âmago fisiológico, a tolerância de glúteos, coxas e pernas ao esforço aumenta, revertendo-se em posterior desempenho.

O volume e a intensidade do seu treino devem ser estabelecidos com base em testes de aptidão física, sob orientação de profissional de educação física especialista, assim como a possibilidade de encaixar uma segunda modalidade como complemento da sua preparação física para correr. Essas preocupações se tornam relevantes porque o ajuste errado do selim e o volume excessivo de treino podem expô-lo também à lesão.

Se você precisa de uma injeção de motivação em seu treino, inclua o ciclismo em sua rotina!

Bons treinos!

*Escrito por Gui Silva
**Retirado do site Somos todos corredores (publicado com autorização)
*** Fonte da imagem: http://www.jenningswire.com/wp-content/uploads/2012/12/bigstock-Mountain-biking-vector-24553349.jpg

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Quanto custa organizar uma prova?


Abaixo vai um descritivo simplificado com os custos envolvidos numa corrida. Espero assim que fique mais claro o quão caro é um evento e o quão difícil é obter lucros com corrida. Quem sabe eu consiga até jogar um pouco de luz nas margens de lucro.
Separei por tópicos, omiti todos os detalhes e valores. A prova é um 10km para 2.200 inscritos. Pra ser mais preciso, na corrida irão aparecer 2100 corredores. Cerca de 10% dos inscritos geram receita, mas não correm. Porém, vou usar um número de 5% debandits, os pipocas.
Ainda antes dos números. É uma prova simples. NÃO conta com uma EXPO como aGolden Four ASICS ou as da Yescom, que joga os valores nas alturas. Não tem ainda uma arena dos níveis de VetorIguana, CORPORE ou Latin Sports, o que joga o valor percebido bem para baixo.
O kit é simples: camiseta de tecido tecnológico simples, medalha, chip, sacolinha e toalha ou boné. Hidratação a cada 3km, lanche na chegada.
Com os números abaixo, você tem um kit que tem que custar R$75 para você empatar a prova no papel. Ou seja, você ainda NÃO tem nenhuma liberação dela na Prefeitura, Federações e órgãos de trânsito. Em uma prova em São Paulo ou Rio de Janeiro, isso pode chegar a 6 dígitos de custo em uma Maratona ou Meia Maratona (e o primeiro número não é o 1!).
Mais. O custo abaixo supõe que somente você sabe da prova, ninguém mais. Para vender 2.200 inscrições, você tem que fazer muito barulho. Essa quantidade de gente parece fácil em SP ou Rio, mas é BEM difícil mesmo em cidades como BH, Porto Alegre ou Brasília. Isso sem reforçar que é “fácil” cobrar R$75 em SP, mas complicado fazer o mesmo em Salvador ou em uma cidade do interior, por exemplo.
Você então pode partir fazendo um pacote de anúncios em veículos “verticais”, aqueles que só falam com corredores (como as 3 revistas principais, mais Webrun e outros). Nessa brincadeira você pode ter que desembolsar, por baixo, R$30.000 entre anúncios ou e-mails marketing. Se você quiser trabalhar no “corpo a corpo”, vai ter que imprimir muito folheto e terá ainda que distribuí-los. Mas esta é uma opção apenas de apoio, nunca é central em um evento desse porte. Mesmo os famosos blogueiros independentes que você quiser usar pra promover a prova, ganham e pedem inscrições caso você queira economizar. E pra cada cortesia, lembre-se, são R$75 a menos na sua receita.
Enfim, a coisa é complexa. Algum demagogo Jênio acha que idoso deve pagar 50%, então atente-se a isso. E para fazer as inscrições, prepare-se, a menos que você seja o dono de algum site do tipo, você tem que pagar um pedágio para cada atleta que se inscrever.
Pois quer saber quanto custa esse 10km para 2.200 pagantes que só você sabe que existe e que não tem ainda liberação para existir?
R$160.000.
Para dar uma dimensão, dentro de alguns dias vou escrever aqui sobre as maiores provas do país. As com mais de 3.000 concluintes são menos de 60! Ou seja, 2000 concluintes é um número bem arrojado. Se você quiser fazer uma prova menor por causa do custo, você até economiza nos kits e hidratação, mas a arena é algo quase fixo, seja com 1000 ou 4000 pessoas presentes. Há um meio termo que vai dizer qual o número ótimo.
Como por muito menos de R$220.000 esse evento não “sairá”. É bom você ter patrocinador pagando muito porque R$100 por inscrito é coisa para pouca prova de 10km cobrar de 2.200 pessoas!
Escrevi algumas coisas com certo tom de ironia, mas falo com segurança: conheço eventos operando tranquilamente no vermelho. Abaixo os detalhes.
ALIMENTAÇÃO/HIDRATAÇÃO: Esse tópico envolve corredores e staffs que – acredite! – também se alimentam e não trabalham de graça;
R$6.000
KIT ATLETA: Camiseta, sacolinha, boné e informativo;
R$51.000
EQUIPAMENTO e ESTRUTURA: Sistema de som, cronômetro, rádios comunicadores, estruturas dos balcões (retirada de kit, medalha, hidratação na chegada…), pórtico de chegada/largada, tendas, testeiras, placa de KM, placas indicadores, gradis, mesa de hidratação, mesas, banheiros químicos, gerador de energia e palco;
R$25.000
LOGÍSTICA: Suporte de carro, moto, Van e transporte de materiais;
R$3.000
MATERIAL DE APOIO: Cones, sacos, fitas, lixeiras, canetas, elásticos, buzina, corda, braçadeira, ferramentas, vassouras…
R$3.000
MATERIAL DE MERCHANDISING: Basicamente o material (telas) visuais e faixas que cobrem arenas, pórtico e placas…
R$13.000
PREMIAÇÃO: Medalhas mais troféus. SEM prêmios em dinheiro.
R$8.000
RECURSOS HUMANOS: Staffs, produção, carregadores, coordenadores, equipe de som, etc;
R$32.000
SERVIÇOS DE TERCEIROS: Ambulância, segurança, vigia, bombeiros, cronometragem, locutor, fotógrafo, limpeza, montagem, eletricista, etc;
R$18.000

*Escrito por Danilo Balu
**Retirado do site Blog Recorrido (publicado com autorização)
*** Fonte da imagem: http://make-a-web-site.com/wp-content/uploads/2013/07/website-costs1.jpg

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Qual a diferença entre correr e treinar corrida?


Correr é calçar um par de tênis e sair correndo sem controle, é fazer o que vier à cabeça, o que der vontade, é gostar de correr por aí e sentir bem por isso. Porém nesse caso, não tendo nenhum controle não significa ter sido um treino, será simplesmente uma corrida qualquer e o resultado poderá também ser um resultado qualquer.

Se buscamos resultados é preciso, organização e planejamento. Organizar é um processo essencial à realização de objetivos e planejamento é o ato de criar um plano para otimizar o alcance desse objetivo. O corredor que utiliza o planejamento como uma ferramenta de treinamento demonstra interesse em prever e organizar ações e processos que esperam acontecer no futuro, aumentando a racionalidade, eficácia e resultado.

Sendo assim: Planejar e controlar é treinar corrida!

Sabemos que treinamento é um processo que favorece alterações positivas de um estado físico, motor, cognitivo e afetivo (Martin, 1977). Portanto é fundamental nos orientarmos através de estímulos que serão capazes de provocar adaptações ao organismo. Caso não ocorram essas adaptações ficaremos apenas estagnados.

Esses estímulos são determinados através dos diversos métodos de corrida que podemos treinar e através desses métodos organizar de maneira coerente e previamente estabelecida todos os componentes de carga. Dessa maneira fica claro que é preciso controlar esses componentes que irão compor um treinamento.

Na corrida podemos nos orientar através do volume, intensidade, duração, densidade e freqüência. São esses componentes os responsáveis pela adaptação e melhora ao treinamento da corrida.

Em corrida entendemos que o volume representa o trabalho total realizado em termos de distância percorrida. A intensidade refere-se ao percentual de desempenho máximo, ou seja, uma determinada velocidade. A duração como a quantidade de tempo de aplicação do estímulo. A densidade como o resultado da relação entre estímulo e pausa para os métodos fracionados e a freqüência como a distribuição das sessões de treinos em uma semana.

E para direcionarmos a “Carga de Treinamento” no sentido de provocar respostas adaptativas objetivadas, orientamos seus componentes através da manipulação de algumas variáveis.

Entre elas podemos considerar o número de repetições e séries, a distância, a velocidade média (ritmo), os tipos de pausas (ativo, passivo, completo, incompleto) o tempo e até mesmo a inclinação ou declive.

Assim, através das variáveis do treinamento e dos componentes da carga conseguimos estabelecer uma carga de treinamento e aplicá-la aos métodos de corrida e com isso aprimorarmos as capacidades físicas pretendidas a cada treino, adaptando e alterando aspectos metabólicos além das mudanças miogênicas e neurogênicas levando então o corredor a realização de sua meta pessoal, seja esta correr uma determinada quilometragem ou diminuir seu tempo em relação a uma determinada distância.

Dessa forma podemos e começamos a compreender que treinar corrida é muito mais complexo do que apenas sair correndo por ai.

E ai, você corre ou treina?

*Escrito por Marcelo Camargo - Treinador de corrida (CREF 04989G/MG)
**Retirado do site 3Zone (publicado com autorização)
*** Visite o site do autor do texto: www.marcelocamargotreinamento.com
**** Fonte da imagem: http://wallpaperest.com/wallpapers/sports-running-track_790963.jpg

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Primeiras impressões - Skechers GoRun Ultra


Salve, nobres atletas!

Desta vez, segue um pequeno vídeo com as primeiras impressões sobre o Skechers GoRun Ultra - um baita tênis e que certamente impressionará você! Se você ainda não o conhece, considere, grandemente, a possibilidade de ser seu próximo tênis!

Ah, não esqueça de nos seguir no YouTube, pois novos vídeos surgirão.

Bons treinos!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Dicas - O jeito certo de correr existe e está ao seu alcance!


Para quem dá suas corridas abaixo de 5km, 2 ou 3 vezes por semana, sempre em baixa intensidade, buscando manter a forma e o condicionamento, a biomecânica correta, ou o jeito certo de correr pode ser uma preocupação menor ou nem gerar preocupações, pois certamente o risco de se lesionar por correr biomecanicamente errado é bem menor (mas ainda assim existe). Para esses corredores, se uma dorzinha diferente aparecer é tranquilo optar por ficar uma semaninha sem correr.

Mas quem não é profissional e mesmo assim corre mais à sério em busca de completar uma prova mais importante, uma nova distância ou quebrar algum recorde pessoal, os que eu chamo de amadores profissionais (rsrs), ficar correndo com lesão é uma tragédia. Parar de correr por dor é uma opção quase nula. Nessa semana, por exemplo, meu volume está em 67km divididos em rodagens, regenerativos, ritmo e tiros, descontando aí alguns aquecimentos e resfriamentos. Obviamente eu me preocupo em fazer isso direito. Aí entra a preocupação com a biomecânica e com o jeito certo de correr.

O padrão ideal de corrida existe

Correr certo gera menor sobrecarga e consequentemente previne lesões. Veja o texto da fisioterapeuta Raquel Castanharo, formada e mestra em biomecânica da corrida na USP. Ela afirma que apesar de cada pessoa ter sua maneira de correr, o seu "jeitão", há um jeito certo de correr, que melhora a performance sem prejudicar os músculos e articulações.

Existe um jeito certo de correr?

Mesmo considerando que cada pessoa tem seu modo particular de se mover, a resposta para essa pergunta é "sim"! O padrão ideal de corrida gera menor sobrecarga sobre os músculos e articulações, previne lesões e melhora a performance. Ele tem alguns pontos importantes que, se presentes dentro das suas características particulares de movimento, vão gerar uma corrida eficiente e saudável:

Aterrissagem próxima ao centro de gravidade: o pé, quando vai tocar o chão, deve estar perto do tronco e não muito afastado para frente. Quando o pé aterrissa próximo ao nosso centro de gravidade – um ponto na região lombar, aproximadamente -, o braço de alavanca da força gravitacional sobre as articulações é menor. Traduzindo: os músculos precisam fazer menos força para manter o corpo em pé, e a sobrecarga – compressão, desgaste – sobre as articulações é menor;

Aterrissagem com o médio pé: aterrissar tocando primeiramente o calcanhar no chão gera um pico de impacto brusco sobre o corpo. Quando se aterrissa batendo primeiro o meio do pé no chão, e não o calcanhar, esse pico de impacto é atenuado, o que diminui os riscos de lesão – como, por exemplo, as fraturas por stress. Isto acontece porque os próprios músculos do corpo agem mais para absorver o impacto, poupando as articulações e ossos. Este padrão de pisada, associado à aterrissagem do pé próxima ao tronco, proporciona uma corrida com menores forças que freiam o corpo, e os músculos trabalham de uma maneira mais eficiente;

Poucos movimentos de rotação e lateralização: pegando o joelho como exemplo, seu principal movimento durante a corrida é o de flexão e extensão. Se nele ocorrer uma rotação exagerada ou uma grande inclinação para o lado – “cair” para dentro é o mais comum -, as chances de lesão aumentam. Esta importância do alinhamento pode ser extrapolada para todas as articulações.

Economia de energia: todos os pontos citados acima já proporcionam economia de energia para o corpo, o que pode ser convertido em melhor desempenho. Além disso, é importante manter uma postura alta e não “pular” durante a corrida. A postura alta facilitará a execução dos movimentos adequadamente, e deslocamentos verticais exagerados só geram desperdício de energia e aumentam o impacto do corpo com o solo.

Este é o padrão de corrida (o jeito certo de correr que nos referimos) observado nos melhores atletas profissionais, mas é acessível a todos com um bom treinamento. Ele é a chave para potencializar seus treinos, prevenir e tratar lesões.

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Mesmo que você não saiba inglês, o vídeo abaixo pode lhe ajudar a melhorar a forma de correr. Perceba que no início o corredor toca a esteira com o calcanhar. Posteriormente, aprende a correr usando o médio pé e inclinando o corpo da maneira correta.

Bons treinos!


*retirado do site Endorfine-se (publicado com autorização)
** Fonte da imagem: http://www.fiqueinforma.com/wp-content/uploads/2014/05/dores-na-coluna.jpg

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dicas - Quanto mais roupa, mais emagrece?


Estava treinando quando me deparei com um corredor envolto a um agasalho plástico - desses plásticos de saco de lixo mesmo e ainda mais, por baixo um agasalho moletom.

Incrível! Acredito que o propósito desse “corredor” era de emagrecer! Esse fato ocorreu quando comecei a correr em 1985. Ainda bem que se passaram quase 30 anos e ninguém mais faz isso. Ou faz?

A fadiga é um mecanismo protetor que resulta em interrupção do esforço ou em redução da intensidade do exercício, antes que esse possa representar um risco. Considera-se que o ambiente e o acúmulo de metabólicos são fatores integrados para determinação do desempenho. Portanto se não dissipamos calor, o mecanismo protetor chamado fadiga entra em ação e interrompe nossa corrida, com isso o propósito de gasto calórico aumentado é finalizado e consequentemente frustrada qualquer chance de perda de peso corporal.

Termoregulação se refere ao conjunto de sistemas de regulação da temperatura corporal. Esta regulação é exercida pela a produção e perda do calor orgânico interno.

A termoregulação é deste modo, um mecanismo de homeostasia (equilíbrio).

Nas aulas de física na escola já aprendíamos sobre isso e agora, nós corredores, vivenciamos na prática a importância dessa perda de calor e equilíbrio térmico.

Condução: envolve a transferência de calor de um material para o outro. Da pele para a roupa, por exemplo.

Convecção: envolve a mobilização de calor de um lugar para outro através do movimento de um gás ou de um líquido pela superfície aquecida. Por exemplo: Ao circular ao redor da nossa pele, o ar retira as moléculas que foram aquecidas pelo seu contato com a pele.

A condução e a convecção são responsáveis por apenas 10 a 20% da perda total de calor do corpo.

Radiação: é a primeira via para a liberação do calor excessivo do corpo. O calor é liberado sob a forma de raios infravermelhos e não é necessário que haja contato entre os corpos para haver transferência de calor.

Evaporação: é responsável por 80% da perda de calor no exercício, porém depende da URA (Umidade relativa do ar) - quanto mais alta for a umidade menor será a perda de calor por evaporação, devido ao gradiente de concentração.

Em temperaturas elevadas e umidade relativa do ar alta, o corredor transpira muito, mas o suor permanece em sua pele, não evapora e não ocorre resfriamento. Ainda bem que ninguém mais usa agasalhos plásticos para correr. Ou usa?

Se o calor não dissipa, a fadiga aparece e a corrida é interrompida, sendo assim, quanto menos vestimentas usamos durante um treino ou prova, melhor.

A Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG dispõe de uma Câmara termoreguladora que varia a temperatura aproximadamente entre – 15ºC a +60ºC e URA aproximadamente entre 20% a 90% e com isso muitas pesquisas são realizadas anualmente, aperfeiçoando ainda mais as informações utilizadas por treinadores e corredores quando o assunto é termoregulação.

Alguns estudos interessantes já foram realizados nessa câmara, como a investigação se resfriar a cabeça aumentaria a velocidade durante a corrida sob o sol e concluída por Lima, 2011, que diz concluiu que o resfriamento da cabeça é capaz de melhorar o desempenho sem alterar o índice de estresse fisiológico e as principais respostas termorregulatórias. Ou seja, vale a pena jogar água, principalmente gelada, sob a cabeça durante uma prova.

Um outro estudo foi realizado para saber se o efeito do protetor solar diminuiria a fadiga durante a corrida com exposição ao sol e concluída por Oliveira, 2009, que concluiu que a aplicação de protetor solar não afeta o desempenho, ou seja, para a pele é proteção contra os raios UV na certa, porém para o desempenho na corrida tanto faz aplicar protetor solar ou não.

E usar boné influencia na velocidade da corrida? Segundo a investigação de Junior, 2009, realizada na UFMG a temperatura média da cabeça diminui já que existe a proteção contra o ganho de calor da radiação, mas a velocidade da corrida não é alterada. Portanto, o uso de boné pode ser apenas proteção novamente aos raios UV ou um acessório para compor o figurino daqueles que não descartam um boné durante as corridas.

Uma pesquisa interessante foi realizada por Martini, 2009, investigando se corredores com a cabeça raspada seriam melhores do que corredores com cabelos. Conclusão: ter ou não ter cabelo não altera a velocidade na corrida de 10 km sob o sol.

O mestrando em fisiologia do exercício Matheus Sacchetto leitor e expectador do Corrida no Ar em breve irá pesquisar e nos apresentar dados sob sua investigação a ser realizada na câmara termoregulatória da UFMG, em relação aos efeitos da URA sob o desempenho e variáveis termoregulatórias durante uma corrida de 10 km realizada em situações de 30% URA, 55% URA e a 80% URA com temperatura controlada a 33ºC e assim verificar se haverá ou não a redução de desempenho e se o resultado encontrado for  afirmativo, teremos como quantificar a performance de um corredor nessas situações.

Importante é perceber que o treinamento de corrida não deve ser mais realizado de forma aleatória e pelo puro achismo como o “corredor plastificado” dos anos 80 fazia. Muitas investigações acontecem ano após ano, entre elas a termoregulação, para que a informação correta e adequada interfira diretamente na qualidade dos treinos e resultado das provas de cada corredor.

*Escrito por Marcelo Camargo
**Retirado do site Corrida no Ar
*** Fonte da imagem: http://www.meionorte.com/uploads/imagens/2011/8/5/64caf0364a34a3d85fe935badbc09b4c.jpg

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Você é o ator principal!


É verdade que cada um é dono de seu dinheiro e o investe da maneira como bem entender, certo?. Todavia, é comum ouvirmos pessoas dizendo que irão comprar roupas e acessórios da marca X ou Y, somente porque custam caro - deduzindo, assim, que são os melhores e irão melhorar sua atividade física. Mas nem sempre é desta forma. Você é o ator principal!

Vejamos, por exemplo, alguns dos tênis mais conhecidos e caros que temos para a venda no Brasil: Adidas Springblade, Nike Flyknit Air Max, Asics Gel Kinsei 5 e Mizuno Wave Prophecy 3 - todos custando, praticamente, mil reais cada.

Seja sincero: qual seria seu pensamento, caso estivesse buscando iniciar uma atividade física e comprasse um destes tênis por este preço bastante "salgado"? A resposta, certamente, giraria em torno de algo como, "eu creio que ele me ajudaria muito, pois deve corrigir minha pisada, proporcionar amortecimento e evitar lesões", não é mesmo? Afinal, você seria um inexperiente na área.

A verdade, amigos, é que durante o exercício, o ator principal é o atleta, e não os seus acessórios. Na própria corrida o tênis é um acessório e como tal, ele irá responder de acordo com a qualidade do atleta, e não segundo ele próprio. Ou seja, se você começou a correr agora e ainda não sabe ao certo como devem ser as passadas, de nada adianta gastar esta fortuna com um tênis, somente porque crê que ele irá "corrigir" sua pisada. Se ainda não anda de bicicleta, adianta comprar uma de dez mil reais?

Em provas ou mesmo em fotos na internet, é comum vermos pessoas despreparadas para a situação onde estão. As tais usam roupas, tênis, GPS, mochila e uma série de coisas que somam milhares de reais - sem, porém, saberem como executar aquela prática esportiva! Aí você olha aquele indivíduo cheio de coisas de "marca" e pensa: por que gastou tanto, sendo que sua desenvoltura não paga nem metade do que gastou?

Recentemente, em redes sociais, li comentários de pessoas que haviam comprado o Adidas Springblade e Mizuno Wave Prophecy 3, ambos, literalmente, vindo a ter o solado quebrado. Isso significa que tais marcas e modelos são horríveis? Claro que não. Significa que os atletas, muito possivelmente, caíram no engodo que o marketing destes produtos fez, os levando a imaginar que os tênis, só porque eram caros e se diziam ser feitos para corridas, iriam suportar o verdadeiro teste. Na verdade, ambos os tênis, servem somente para o dia-a-dia (minha opinião). 

Convém pontuar, é claro, que tais quebras e falhas podem acontecer com inúmeros modelos e marcas. Pessoalmente, já tive três tênis New Balance, sendo que um deles não durou um ano, vindo a descolar o solado. Assim, a crítica não é quanto à qualquer marca, e sim ao pensamento comum de que a marca irá correr, pedalar ou nadar por você.

Portanto, atleta, antes de comprar algum tênis, bicicleta, mochila ou qualquer outra coisa, verifique se você sabe como proceder na atividade física; se entende a biomecânica da corrida, da forma eficaz de se pedalar (visite este excelente site), qual a bicicleta ideal para o que você deseja, como são as montanhas para onde irá... Entenda que você é o ator principal, e não os acessórios! Se seus acessórios somam 2 mil reais, se pergunte se você é um atleta deste valor.

Lembre-se: os acessórios são coadjuvantes e você é o autor principal. Esteja preparado, primeiro, para correr sem tênis e GPS, pedalar com a bicicleta mais simples, nadar com uma roupa não tão cara... Quando chegar neste ponto, verá que nem tudo é tão essencial como se imagina.

Bons treinos!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Conheça a Jungle Marathon!

Você conhece a Jungle Maraton? Quer saber um pouco sobre esta alucinante aventura de 257 km pela selva amazônica? Então, veja esta interessante entrevista com o ultramaratonista Roberto Arneiro!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Dicas - Como começar a correr?


O que abaixo descreverei, foram dicas colhidas de diversas fontes e que me foram úteis - pode ser que não o sejam para você, mas não custa tentar, não é mesmo? :)

O tipo de tênis

É comum as pessoas começarem a correr e se perguntarem sobre o óbvio: qual tênis devo escolher? A resposta geralmente é: "o tênis bom é o tênis caro" - mas isso não é bem assim. Em verdade, antes mesmo de você ter ciência sobre qual tênis lhe agrada, é preciso aprender a correr, entender a dinâmica do esporte (um pouco no tópico abaixo), para depois pensar em comprar um tênis adequado - isso mesmo, no início, bem no começo da atividade, vá com qualquer tênis (ou mesmo descalço) e aprenda os movimentos corretos.

Após aprendido, procure entender qual tênis proporciona melhor corrida. Lembre-se, todavia, de que o "melhor" é aquele com o qual você se sente bem, confortável - pouco importando a marca ou preço.

Você pode ler mais sobre isso neste artigo.

A forma de aterrizar com o pé e a postura

Muitas pessoas usam o calcanhar para aterrizar, mesmo que não tenham consciência disso. Ora, o calcanhar não serve a esta finalidade, tendo em vista que, por exemplo, quando pulamos corda, aterrizamos com o médio-pé (nem o calcanhar, nem a ponta propriamente dita); quando descemos escadas, não colocamos o calcanhar primeiro, e sim o médio pé; quando se corre "bem rápido", é impossível colocar o calcanhar primeiro; crianças começam a caminhar usando o médio-pé...

Outra coisa a notar é a postura. Ela irá variar conforme o objetivo. Para corredores mais rápidos, todo o corpo (não somente o tronco, ok?) estará ligeiramente inclinado à frente, enquanto corredores de maiores distâncias, por exemplo, correrão mais "retos", tendo em vista que a velocidade não é tanta -nunca porém, inclinado para trás

Para saber mais sobre a forma de aterrizar e postura, veja este vídeo.

Passos largos ou curtos?

Deve-se dar passos bem largos ou curtos? A resposta é certa: curtos. Passadas muito longas fazem com que o centro de equilíbrio do corpo se perca e articulações tenham de "equilibrar" o corpo a cada novo passo, gerando tensões desnecessárias e grande risco de lesões.

Este excelente pequeno artigo poderá lhe ajudar nesta questão.

O cuidado nas descidas

Lesões ocorrem porque algo foi feito errado (muito esforço, muita distância, pouco preparo...) e isso é bastante comum durante as descidas. Lembre-se de algo importante: existem duas formas de descer uma rua/ladeira: andando ou correndo; não existe meio termo. A figura abaixo ajuda a ilustrar (o boneco de camisa azul faz o movimento correto):


Ao descer, lembre-se de jogar o corpo para frente e deixar "ele ir" (como na figura em azul). Se a descida for muito inclinada, o melhor é andar, pois se tentar segurar o corpo (figura em vermelho), o impacto nas articulações será muito maior e a chance de lesões será alta.

Não alongue antes das corridas

Alongar faz com que os músculos fiquem relaxados, não é mesmo? Basta lembrar da famosa "espreguiçada" na cama e a baita "moleza" que dá após isso - o mesmo vale para a corrida. Não se alongue antes das corridas, e sim aqueça. Isso mesmo, faça aquecimentos dando alguns pulos, mexendo os braços, iniciando com uma caminhada leve, mas nada de "se matar" de alongar, pois isso trará relaxamento aos músculos, fazendo com que os mesmos fiquem mais "fracos" - faça isso após as corridas, porém, de leve, tendo em vista que os músculos estarão "fracos" e toda força além do necessário sobre eles colocada será prejudicial.

Sobre o alongamento, você pode ler mais aqui.

Hidratação

O corpo precisa manter a sua temperatura corporal, por isso a hidratação é importante - não é somente para "matar a sede". Todavia, muitos exageram na hidratação e acabam "viciando" o corpo em tomar água frequentemente. Um exemplo é quando o corredor não consegue correr 5km sem tomar água! Uma coisa é se 5km para ele foram o ápice da distância, mas, mesmo assim, não justifica essa necessidade imensa de água, tendo em vista que o desgaste não foi tão grande.

Sobre isotônicos (Gatorade e afins) a regra é clara: se for exercício de baixa duração (até 1 hora), não há necessidade alguma de os tomar, pois a perda de sais minerais pelo corpo será pequena.

Para saber mais, recomendo este este artigo.

Procure novos estímulos

Já encontrei alguns amigos que diziam: "eu corro X km todos os dias, sem falta". O problema é que isso não é benéfico, pois o mesmo estímulo estará sendo dado sempre aos mesmos conjuntos de músculos. Por exemplo, uma pessoa que corre 5km todos os dias por um determinado trajeto - ora, o corpo sempre usará os mesmos músculos, o terreno será sempre o mesmo, a altimetria será igual, os passos terão a mesma cadência... nada mudará; talvez, tal pessoa se torne o "rei" dos 5km naquele trajeto, mas tenho dúvidas se alguém deseja isso.

Você, precisa, então, estimular seu corpo a novas formas. Se você corre 3 vezes por semana e o máximo de quilometragem que consegue é 10 km, por exemplo, faça algo parecido com isso: 

Semana 1:
- 2ª feira: treino de velocidade; 4 km em velocidade maior do que para os 10 km;
- 4ª feira: treino de força; 5 km com passagem em morros, rampas, escadas...;
- 6ª feira: treino longo de 10 km em ritmo moderado.

Semana 2:

- 2ª feira: treino leve de 4 km, intercalando com alguns "tiros" de 100 metros em ritmo forte;
- 4ª feira: treino de força; 5 km com passagem em morros, rampas, escadarias...;
- 6ª feira: treino longo de 8 km com algum morro ou em ritmo ligeiramente mais rápido.

Veja que não há porquê correr sempre 10 km, tendo em vista que 10 km é o máximo que você consegue. Logo, se sempre tentar o máximo, vai viver cansado e/ou lesionado. E não custa lembrar: não é porque você não correu sua distância máxima na semana, que seu corpo não aguentará mais correr. Estimule o corpo e o treine que certamente os resultados virão.

Para entender mais, recomendo este e este artigo.

Entenda qual o seu foco

Desde o início de minhas corridas, não gostei de ter que correr, por exemplo, 5 km em 25min, dando uma média de 5min para correr 1km (o famoso pace). E por que isso? Simplesmente porque não aprecio ficar contando os segundos, e sim que prefiro aproveitar a corrida, a paisagem e tudo em volta. Logo, este padrão de corrida faz com que eu não dê tanta ênfase na velocidade, e sim na resistência, pois prefiro correr mais longe e mais devagar, do que menos e mais rápido.

Assim, conforme for o seu desejo, serão os seus treinos. Se você quer é ser um velocista de 100 metros, de nada adiantará fazer o mesmo treinamento que um maratonista; se deseja ser um ultramaratonista (qualquer corrida com mais de 42 km), terá de trabalhar força, resistência, o mental e rodar muito nas estradas, diferente do maratonista de 42 km.

Portanto, não treine igual ao seu amigo corredor, pois pode ser que o objetivo dele não seja o mesmo que o seu.

Alimentação e emagrecimento

Não gosto de cuidar desta parte, sou sincero. Me alimento de tudo o que desejo e por vezes até mais, infelizmente. A grande questão é não viver obcecado por algo ou crendo em mitos. Por exemplo, não adiantar comer uma salada de alface com rúcula de meio-dia e de noite querer ter "pique" para correr 15 km! Seu corpo é uma máquina e precisa do combustível adequado. Inverta, se assim desejar, e coma a salada depois da corrida, mas antes, se alimente a fim de abastecer o organismo.

Existem várias teorias sobre emagrecimento, mas uma coisa é certa: é difícil você encontrar uma pessoa que começou a correr e não tenha emagrecido. Portanto, não se demore!

Bons treinos!
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